Estacionamento Rotativo de Canoinhas gera reclamações da população (Foto: Nícolas Carvalho).
O sistema de estacionamento rotativo de Canoinhas tem gerado um número crescente de infrações de trânsito, colocando o município entre os principais em multas no estado de Santa Catarina. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran-SC), Canoinhas é o 11º município no ranking das cidades com mais infrações em 2024, registrando até o momento 3.878 multas. Esse número supera o total de 3.657 infrações registradas em 2023 e, surpreendentemente, coloca Canoinhas à frente de Florianópolis, que registrou 3.648 infrações no mesmo período.
Aumento nas multas e impacto no comércio local
Comércio sente os impactos do sistema (Foto: Nícolas Carvalho).
O aumento nas infrações tem gerado insatisfação entre os motoristas e afetado diretamente o comércio local. Especialmente em relação aos consumidores de cidades vizinhas, que têm evitado visitar Canoinhas devido à quantidade elevada de multas. O valor das infrações no sistema rotativo é de R$ 195,23 cada, o que resulta em um total de R$ 757.101,94 pagos pelos motoristas até agora em 2024. Esse valor, que poderia ser destinado ao comércio local, tem gerado uma diminuição no movimento no centro da cidade.
Comparação com Porto União e Orleans
Em Porto União, onde o estacionamento rotativo é gerido por outra empresa, o sistema apresenta algumas diferenças. O município oferece uma tolerância de 10 minutos para que os motoristas adquiram o ticket em algum estabelecimento ou regularizar o estacionamento pelo aplicativo. Além disso, os motoristas podem pagar as multas diretamente com o agente do rotativo, o que dispensa a necessidade de se deslocar até a sede da empresa.
Para pagar a taxa da notificação, motorista precisa ir até a Sede da Empresa (Foto: Nícolas Carvalho).
Em Porto União, foram registradas apenas duas infrações de trânsito em 2024, um número bem inferior ao de Canoinhas.
Já em Orleans, que também utiliza o sistema da Hiper Off, os índices de infrações são bem mais baixos. Até o momento, foram registradas apenas 50 multas de estacionamento, mas nenhuma delas foi relacionada ao rotativo, sendo todas relacionadas a outras infrações, como estacionamento em vagas irregulares, de táxis ou de carga e descarga.
Insatisfações da comunidade e sugestões de mudanças
A comunidade de Canoinhas tem expressado insatisfação com o sistema de estacionamento rotativo, especialmente em relação à fiscalização rigorosa e à falta de informações claras. Ouvintes da Rádio Clube de Canoinhas compartilharam relatos sobre a dificuldade enfrentada por idosos na utilização de vagas preferenciais, muitas vezes ocupadas indevidamente.
Falta de Tolerância é uma das principais reclamações (Foto: Nícolas Carvalho).
Também há reclamações sobre a ausência de tolerância no sistema, com motoristas afirmando que, ao estacionarem, não conseguem nem comprar o ticket antes de serem multados.
Entre as sugestões da comunidade está a implementação de um prazo mínimo de 10 minutos de tolerância para que os motoristas possam adquirir o ticket sem o risco de penalidades. Além disso, a população sugere que os próprios agentes realizem a troca da notificação, o que provavelmente diminuiria o número de infrações registradas no Detran-SC.
O contrato de licitação e as propostas de revisão
Sede fica na Rua Frei Menandro Kamps, nº 741, no Centro (Foto: Nícolas Carvalho).
O contrato nº 92/2019, que rege o sistema de estacionamento rotativo de Canoinhas, prevê que a empresa responsável repasse mensalmente os dados sobre as infrações ao setor municipal e a um jornal local. A Rádio Clube FM entrou em contato com o Detracan de Canoinhas para obter informações atualizadas, mas não obteve retorno até o momento.
Uma das propostas que tem circulado é que a Prefeitura aproveite a oportunidade de revisão do contrato, que tem duração de 10 anos, para reconsiderar algumas cláusulas. Isso incluiria a possibilidade de uma tolerância no sistema de rotativo e a implementação da opção de pagamento das notificações diretamente com os agentes de fiscalização.
Caso a empresa não esteja cumprindo com o contrato, a Prefeitura também poderia avaliar a rescisão do contrato, já que ainda não está claro se a responsabilidade pela falta de repasse de informações é da empresa ou do município.
